A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou, na denúncia apresentada na terça-feira (18/2), que a agitação golpista entre os militares reacionários estava entre os planos de Jair Bolsonaro (PL) para uma tentativa de ruptura institucional no País. 2y4q39
As agitações foram coordenadas com vários militares da ativa e da reserva. Dentre os 34 denunciados ou imputados, incluindo Bolsonaro, 24 eram militares.
Essas agitações incluíam as declarações do próprio mandatário e a disseminação da contrapropaganda por parte dos envolvidos na trama golpista.
Destes, o coronel do Exército Bernardo Romão Correa estava destacado para fazer agitações especificamente dentro das fileiras das Forças Armadas reacionárias.
As novas informações comprovam a análise AND, de anos atrás, de que Bolsonaro buscava realizar uma agitação principalmente entre os militares reacionários.
“Bolsonaro, como é constatável, segue sua agitação golpista. O alvo da mesma são as tropas das Forças Armadas reacionárias e suas forças auxiliares, principalmente, e a opinião pública, em segundo plano.”, diz o editorial Discursos da crise militar, de 17 de maio de 2022, publicado antes mesmo da farsa eleitoral daquele ano e de quaisquer revelações mais profundas sobre a trama golpista, da qual muitos duvidavam então.
“O objetivo é agitar os quartéis alegando crise institucional como interferência do STF nas competências do Executivo (vide crise do Daniel Silveira), como suposta prova de parcialidade da Suprema Corte em favor da eleição de Luiz Inácio. Eleição que, para ele, seria o “reinício” da “comunização” do país e prova cabal de que o Estado é “cooptado” pelo PT – e neste caso, instar as FA a intervir para “garantir os poderes constitucionais”, sendo essa uma das missões que a “constituição cidadã” de 1988 lhes atribui.”, continua o Editorial.
A PGR também afirmou que os planos e as ações de Jair Bolsonaro buscavam fazer com que os comandantes das Forças Armadas reacionárias embarcassem na ruptura institucional.
Segundo a PGR, as urnas eram um alvo central da gangue golpista: “o grupo registrou a ideia de ‘estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações’ e de replicar essa narrativa ‘novamente e constantemente’, a fim de deslegitimar possível resultado eleitoral que lhe fosse desfavorável e propiciar condições indutoras da deposição do governo eleito”.
No mesmo Editorial, AND diz que: “o plano de ação golpista de Bolsonaro é, portanto, usar como cavalo de batalha a questão das urnas como comprovação final de suas assertivas, desestabilizar e, quem sabe, quebrar em algum ponto mais frágil a hierarquia das FA e forças auxiliares, forçando o Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) a embarcar na culminação do golpe militar, impor novo regime e, dentro dele, prosseguir a pugna por definir qual tipo de regime seria.”
“Assim, toda a agitação bolsonarista busca incrementar a atmosfera de ameaça de um Armagedom iminente, tanto como chantagem que previna uma possível eleição de Luiz Inácio, quanto potencializar o frenesi de golpe para culminá-lo se este vencer.”, pontua o Editorial.