No dia 20 de agosto, ocorreu o primeiro turno da farsa eleitoral no Equador, que levou ao segundo turno a candidata Luisa Gonzalez, do partido oportunista de Rafael Correa, que contou com 3.099.957 votos (33%), e o bilionário Daniel Noboa, que angariou 2.202.516 votos (23,66%). Além disso, 3.255.241 pessoas boicotaram as eleições, contando as abstenções e os votos brancos e nulos, sendo o número mais expressivo destas eleições. n455x
As eleições reacionárias ocorrem em um período de grave crise política no país, cuja principal expressão foi o assassinato do candidato Fernando Villavencio, no dia 9 de agosto. Além desse episódio, já noticiado em AND, ocorreu também no dia 17/08 um tiroteio em meio a uma carreata do candidato Daniel Noboa, na cidade de Durán, região metropolitana de Guayaquil, fatos que expressam a escalada da violência política sem precedentes.
Durante a farsa eleitoral ocorreu também um ataque cibernético à plataforma de internet utilizado para o voto de equatorianos que estão em países estrangeiros. Tal ataque teve efeitos ainda não dimensionados na votação.
Além da escalada da violência política, a farsa eleitoral também foi marcada por ter sido significativamente rejeitada pelas massas. Dos 12 milhões de equatorianos aptos a votar, mais de 3 milhões de pessoas optaram pelo boicote, número que representa 25,91% dos que poderiam votar que se recusaram a escolher entre um dos candidatos reacionários. Destaca-se aí que os números do boicote estão acima aos da candidata que ficou em primeiro lugar.
A militarização das eleições foi também patente durante todo o processo eleitoral. No dia do pleito, mais de 100 mil policiais e soldados do velho Estado foram mobilizados para realizar a segurança da votação, sendo a eleição mais militarizada da história do país. Durante o pleito, ocorreram 400 prisões. Destas, mais de 20 foram por porte ilegal de armas.
A organização revolucionária Frente de Defesa das Lutas do Povo – Equador (FDLP-EC), em declaração, afirmou que “a crise do velho Estado burguês-latifundiário está se agudizando. Tudo está contaminado pelo tráfico de drogas e pelo crime organizado. Polícia, FFAA, ministérios, presidência. A corrupção é uma panaceia. Agora, entrou-se em um novo momento da disputa, onde ataques e assassinatos são os meios utilizados para se resolverem as contradições”.
A declaração expressa que a agudização das contradições entre as diferentes frações da grande burguesia equatoriana tem se elevado ao patamar da violência política desenfreada. Sendo assim, a militarização do pleito se impõe como uma necessidade do velho Estado para buscar garantir alguma estabilidade para o processo.
A organização também defendeu o boicote eleitoral, convocando o povo a aderi-lo, afirmando como uma tática que serve “não apenas como uma forma de deslegitimar as eleições, apontando-a como um instrumento de enganação e subjugação das massas, mas também como uma expressão de rejeição à tudo que está ocorrendo no país.”
Os números do boicote expressam exatamente o que a organização afirma: uma profunda rejeição das massas a todo o velho sistema de exploração e opressão, cuja agudização das contradições entre os diferentes grupos de poder das classes dominantes vêm escancarando para todo o povo, com fatos, a falência do capitalismo burocrático e a necessidade de derrubá-lo e substituí-lo por uma nova ordem.