BA: Camponeses resistem à reintegração de posse 6ky54

BA: Camponeses resistem à reintegração de posse 6ky54

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Camponeses exercem a autodefesa e resistem à reintegração de posse. Foto: Reprodução

No dia 15/09 um grande contingente de camponeses fechou dois trechos da BA-001 e resistiram aos ataques da Polícia Militar (PM) utilizando paus, pedras, garrafas de vidro, facões e coquetéis molotov. A combativa manifestação denunciou a decisão judicial que determinou a reintegração de posse em benefício do latifundiário Moacir Andrade. Conhecido na região como “o português”, o latifundiário é denunciado pelas massas populares de ser ladrão de terras da União. Os camponeses ocupam as fazendas Itaquera e Rio dos Frades a cerca de 90 dias e realizaram a manifestação na via expressa que liga as cidades de Trancoso e Caraíva.

Somente depois de mais de quatro horas de heróica resistência dos camponeses, a força policial conseguiu chegar às fazendas Itaquena e Rio dos Frades para cumprir a reintegração de posse assinada expedida pelo juiz Fernando Paropat da comarca local. Tamanha foi a combatividade dos manifestantes que, no dia seguinte, a Associação dos Oficiais de Justiça da Bahia (AOJUS-BA) se pronunciou sobre a “falta de segurança” dos policiais. Na execução da reintegração, foram usadas máquinas para derrubar barracos e outras habitações de madeira erguidas pelos trabalhadores.

Os momentos de resistência foram capturados em vídeo pelos camponeses, confira:

Após o ataque das forças de repressão, policiais militares agrediram e torturaram famílias que ocupavam a fazenda. Lideranças camponesas locais foram presas e outras pessoas registraram os crimes cometidos pela PM.

Os camponeses foram levados para delegacia de Trancoso, onde foram agredidos com socos e pontapés. Dentre os presos está  Flávio Prates Cruz, que ficou detido na Delegacia de Trancoso sem que pudesse ter contato com seu advogado ou família. O camponês foi acusado falsamente de ser líder de uma “facção criminosa, comprando armas para enfrentar a polícia e promovendo esbulho e perturbação da ordem pública”.

HISTÓRICO DE PERSEGUIÇÃO DO MOVIMENTO CAMPONÊS NO SUL DA BAHIA

Os movimentos de luta pela terra no sul da Bahia há muito sofrem com as ações criminosas do velho Estado burocrático-latifundiário. Assassinatos, prisões e torturas já viraram rotina nas áreas onde os camponeses lutam pelo sagrado direito à terra. Em 2016, a liderança camponesa do MRC Alexsandro dos Santos Gomes, o Sandro, foi assassinado na localidade de São Francisco do Paraguaçu, distrito de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. 

Sandro foi morto por disparos feitos por cinco pistoleiros que estavam a bordo de uma embarcação que saiu de Maragogipe pelo Rio Paraguaçu e, após o crime, retornaram pelo mesmo rio. Meses antes do assassinato, a liderança já havia sido presa pelas autoridades reacionárias, única coisa para fazer calar o combativo camponês que realizava uma firme denúncia contra o latifundiário Carlos Shinaider, que segundo Sandro desmatava a fazenda Boa Vista.

CAMPONESES BOTAM O VELHO ESTADO PARA CORRER

Frente à crescente criminalização do movimento camponês, os camponeses do sul da Bahia resistem e exercem a autodefesa frente aos atentados terroristas do velho Estado burocrático-latifúndio. Em julho de 2019, seis carros foram incendiados e um segurança foi ferido durante um ataque de “vigilantes patrimoniais”, isto é, pela pistolagem legalizada como empresa (GPS, com sede em São Paulo) que de maneira truculenta, tentou expulsar os camponeses do distrito de Barrolândia, em Belmonte, em benefício da multinacional Veracel Celulose. A reação da massa foi imediata. Em manifestação combativa, armados com paus, facões e foices, os camponeses enfrentaram os paramilitares e os expulsaram de suas terras, garantindo, na marra, o direito à terra.

A CENTRALIDADE DA QUESTÃO AGRÁRIA

A crescente radicalização dos movimentos de luta pela terra em meio à enxurrada de falsas promessas do oportunismo, que promete o “fim do agronegócio” (como se este pudesse ser derrotado sem um longo processo revolucionário das massas populares, com o resultado da farsa eleitoral). Os recentes protestos só comprovam a falência da “reforma agrária”, que hoje significa somente repressão ao movimento camponês combativo.

Atacados por todos os lados, os camponeses praticam e desenvolvem cada vez mais a justa autodefesa. Tratando deste aspecto do desenvolvimento do movimento camponês, o documento “Nosso caminho”, da Liga dos Camponeses Pobres (L) afirma o seguinte: “O velho Estado junto com a imprensa trata de difamar e descaracterizar toda a luta social combativa, buscando em seguida criminalizá-la para justificar toda repressão sobre ela. Mas não basta apenas denunciar os seus métodos e objetivos, é preciso combatê-los com firmeza e determinação. E isto só se pode fazer com a definição de uma política de autodefesa e a preparação de todo o movimento em exercê-la.”. 

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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