Em meio a denúncias crescentes de conflitos agrários, trabalhadores rurais, sindicatos, movimentos populares e entidades estudantis se reuniram em uma audiência pública no município de Barra do Corda no dia 28 de maio para discutir a situação da luta camponesa e dos crimes do latifúndio. 326o4s
O ato reuniu mais de 70 pessoas e representantes de 8 entidades, incluindo a União das Comunidades em Luta (UCL) e o Comitê de Solidariedade à Luta Pela Terra (Comsolute).
Durante o evento, os ativistas exigiram a liberdade para o camponês Antônio Fernandes da Silva, preso de maneira ilegal. Eles também denunciaram o agravamento da violência contra as comunidades camponesas e o avanço descontrolado da grilagem de terras na região.
Segundo as denúncias, há um cenário alarmante de perseguições sistemáticas, ameaças de morte, prisões arbitrárias e assassinatos brutais de trabalhadores e lideranças comunitárias, operados sobretudo por agentes de estado em operações ilegais a mando de latifundiários.
“Convidamos o Ministério Público — que sequer apareceu. A Defensoria veio, mas sabemos que o Estado é o verdadeiro provocador. Tudo começou com milicianos armados, muitos ex-policiais, que depois assam nossos companheiros. Esta audiência é uma denúncia formal. Queremos que nossos advogados processem o Estado. Se ficarmos calados, eles continuam. Aqui tem terra ocupada desde 1840 e mesmo assim estão grilando. Tem grileiro até da Argentina vindo pra cá.”, denuncia Assis Brito Costa, liderança sobrevivente do Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, no Pará.
“Existem hoje notícias boas. Existiram momentos difíceis, hoje estamos vencendo. Nós sofremos tiros dentro da nossa comunidade e duas crianças foram baleadas. Nossa comunidade era esquecida. Nós não tínhamos nada. A partir do dia em que nos organizamos na UCL, conseguimos ser capazes de falar a verdade e de construir as coisas com nossas próprias mãos. Nós assim, somos seres humanos! Somos uma classe e merecemos ser respeitadas. Nós estamos avançando na região do Gurupi e não vai ter nada que vai nos parar”, afirma liderança da União das Comunidades em Luta (UCL) ao falar da situação na luta contra a grilagem de terras na região do Vale do Rio Gurupi.
Um outro caso que expressa essa denúncia foi o do duplo assassinato de Adonias Fernandes da Silva e Francisco Pereira da Silva, jovens camponeses executados no contexto do conflito. Imagens dos dois trabalhadores, acompanhadas da consigna “Presentes na luta”, foram projetadas durante a audiência, reafirmando o compromisso das comunidades em manter viva a memória de seus mártires.