Assassinato de Ismail Haniyeh não acaba com Hamas e atiça guerra regional 1k704m

Israel falhou em dar golpe na Resistência com assassinato de Haniyeh. Foto: Mohammed Zaatari/AP

Assassinato de Ismail Haniyeh não acaba com Hamas e atiça guerra regional 1k704m

As repercussões ao assassinato do chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, foram imediatas: representantes do Estado iraniano já consideram a vingança como um “dever próprio”, em um chamado que foi acompanhado por manifestações nas ruas do país; palestinos convocaram uma greve geral e marchas na Cisjordânia ocupada, aderida por centenas de trabalhadores; grupos militares guerrilheiros do Iêmen, Líbano, Iraque e Palestina prometeram elevar o ritmo de suas ações para punir o atentado. Nas cúpulas governamentais, sete países foram forçados, pelo clima de mobilização internacional antissionista, a condenar o assassinato, definido nos termos legais como uma “violação flagrante do direito internacional”. 1k8m

Em outras palavras, as massas responderam com fúria e Israel caiu em um isolamento político ainda mais profundo. Dentro das fileiras do Hamas, o efeito também foi inócuo: os líderes já afirmaram que vão continuar com a luta de resistência, e o histórico da organização não deixa dúvidas de que estão falando a verdade: em 30 anos, o sistema secreto de Israel assassinou 31 líderes do partido palestino, mas o grupo nunca deixou de lutar. O próprio fundador e líder espiritual da organização, Ahmad Yassin, foi morto por Israel, em 2004, e três anos depois o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, com Haniyeh na liderança.

Ainda não é possível saber qual líder palestino substituirá Ismail. O certo é que não faltam, dentre os militantes do Hamas, opções de chefes militares e políticos forjados em anos de luta armada antisionista para assumir o posto. Yahya Sinwar, líder do Hamas em Gaza, e Khaled Meshal, ex-líder do birô político antes de Haniyeh, são somente duas das opções. Para substituí-los em caso de transferência na hierarquia, há o chefe do Estado-Maior das Brigadas Al-Qassam, Mohammed Deif e outros nomes importantes. Todos tem plena capacidade de manter a guerra no rumo e, ao fazê-lo, seguir com a mobilização das massas e com a construção das próprias forças armadas e do poder político antissionista e anti-imperialista na Faixa de Gaza – tudo direcionado à derrota do inimigo israelense.

O assassinato ocorreu também uma semana depois de que as forças mais avançadas da Resistência Nacional Palestina, como o Hamas, a Frente Popular para a Libertação da Palestina e a Jihad Islâmica Palestina, ditaram os termos de um acordo de coalizão para as forças mais débeis que compõem o núcleo da guerra. A morte de Haniyeh pode ter sido uma vingança, mas chegou tarde demais para impedir as conquistas significativas colhidas pelas forças patrióticas palestinas mais destacadas.

O Irã também paira entre a dúvida e a certeza. A convicção reside em saber que haverá uma resposta, já prometida pelo aiatolá Ali Khamenei, pelo Ministro de Relações Exteriores e pela Missão Permanente da República Islâmica do Irã na Organização das Nações Unidas. A questão é sobre a potência dessa resposta. É importante, contudo, não ficar preso às oficialidades: mesmo que a resposta aberta do Irã seja calculada para evitar uma escalada com Israel, no terreno extra-oficial o país persa, interessado no desgaste de Israel, muito provavelmente ampliará o apoio militar e financeiro às diferentes organizações anti-imperialistas que apoia no Oriente Médio, como os Ansar Allah, do Iêmen, e o Hezbollah, do Líbano.

Com esse e mais robusto, as massas guerrilheiras anti-imperialistas da região tendem a subir um degrau a mais nas ações contra Israel. Sobretudo o Hezbollah, que perdeu um de seus líderes mais proeminentes, Sayyed Mohsen, em um bombardeio na capital libanesa, Beirute.

O terreno, portanto, segue favorável à luta de libertação nacional do povo palestino, concretizada de forma mais viva na histórica Operação Dilúvio de Al-Aqsa. É o que garante o próprio filho de Haniyeh. Depois de atestar que o sangue de seu pai “não é mais precioso do que o sangue de crianças, homens e mulheres que são martirizados em Gaza” e que o caminho da libertação só pode acabar em “vitória ou martírio”, ele garantiu que: “esse inimigo desaparecerá, seja hoje ou amanhã, e todos nós testemunharemos seu colapso”.

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