Alta da inflação e carestia contrapõem propaganda oportunista de ‘rendimento recorde’ e ‘conquistas sociais’ 5n2v3g

Governo de Luiz Inácio (PT) tenta pintar quadro de “otimismo” artificial em relação à economia do País para reforçar o velho conto de fadas petista.
Preço do café moído ao consumidor brasileiro subiu 80,2% em 12 meses e tem maior inflação em 30 anos.
Preço do café moído ao consumidor brasileiro subiu 80,2% em 12 meses e tem maior inflação em 30 anos. Foto: Isaac Fontana/Shutterstock
Preço do café moído ao consumidor brasileiro subiu 80,2% em 12 meses e tem maior inflação em 30 anos.

Alta da inflação e carestia contrapõem propaganda oportunista de ‘rendimento recorde’ e ‘conquistas sociais’ 5n2v3g

Governo de Luiz Inácio (PT) tenta pintar quadro de “otimismo” artificial em relação à economia do País para reforçar o velho conto de fadas petista.

Enquanto o governo e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) alardeiam um suposto “recorde” de rendimento médio da população, os dados da inflação oficial seguem revelando uma dura realidade enfrentada pelo povo. Em abril de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de 0,43%, impulsionado principalmente pelos aumentos nos preços dos alimentos e medicamentos. f4x6u

Embora o índice seja menor em relação a março (0,56%), trata-se da maior alta para o mês de abril desde 2023. No ano, o IPCA acumulado fica em 2,48%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses fica em 5,53%, ultraando com folga o teto da meta do Banco Central, que é de 3% (com margem de tolerância de ±1,5 ponto percentual).

O chamado “índice de difusão”, que mede o espalhamento das altas de preços, também subiu para 67% em abril, ante 61% no mês anterior, sinalizando que os aumentos não se restringem a poucos itens, mas se generalizam na economia, e que, mesmo com a desaceleração pontual em alguns preços, o conjunto de bens e serviços continua em alta e deteriorando o poder de compra da população. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que baseia a correção do salário mínimo, também teve alta de 0,48%, e o acumulado é de 2,49% em 2025 e de 5,32% nos últimos 12 meses.

Mais do apenas números, as cifras revelam a persistência da carestia que assola as massas populares brasileiras, que gastam a maior parte de seu salário com alimentação, transporte e medicamentos, justamente os setores mais pressionados por aumentos de preços nos últimos meses. Apesar disso, as projeções do ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), conhecido por suas políticas antipovo, e sua equipe econômica burguesa insistem que a inflação no País fechará o ano “um pouquinho melhor do que as previsões”.

Alimentos e remédios em alta 6n5q4t

O grupo “Alimentação e bebidas” subiu 0,82% no mês, após já ter avançado 1,17% em março, com destaque para alimentos básicos e cotidianos, como a batata-inglesa (18,29%), o tomate (14,32%) e o café moído (4,48%). Os preços médios deste último ao consumidor, no acumulado de 12 meses, já subiram impressionantes 80,2%, o maior aumento em 30 anos (desde o Plano Real).

A batata-inglesa e o tomate foram os alimentos com maior aumento de preço. Foto: Reprodução

Em contrapartida, os bolsos dos grandes latifundiários seguem enchendo com a exportação do café, que em 2024 atingiu novo recorde histórico: 93,2% das sacas de 60 kg de café colhidas no País foram destinadas ao mercado externo, um total de 50,4 milhões de sacas das 54,2 milhões produzidas. Além disso, com a terra concentrada nas mãos de um punhado de latifundiários e a maior parte da produção agrícola destinada à exportação, oscilações no mercado global impactam diretamente o custo de vida da população.

Alta nas exportações e na taxa de juros eleva o preço da cesta básica para as massas populares – A Nova Democracia
O preço é inflado pelas grandes empresas ou por latifundiários, que cobram valores exorbitantes para levar o produto aos centros de distribuição ou aos portos, onde são enviados ao exterior.
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Também os medicamentos pesaram no bolso da população. O grupo “Saúde e cuidados pessoais” teve alta de 1,18%, puxado pelos produtos farmacêuticos, que subiram 2,32% após o reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos autorizado pelo governo no fim de março, e pelos itens de higiene pessoal (1,09%). Já os grupos “Habitação” – que engloba taxas de água e esgoto e energia elétrica – e “Vestuário” também subiram, respectivamente, 0,14% e 1,02%, refletindo um encarecimento generalizado da vida.

Enquanto isso, os serviços já acumulam alta de 6,03% em 12 meses, refletindo o aumento da demanda por itens como alimentação fora de casa, educação, saúde e transporte, além do ree de custos como energia e aluguel.

Juros sobem de novo 593b2x

Isso revela que a dinâmica inflacionária se mantém mesmo com a política de juros altos imposta pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que na última quarta-feira (07/05) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, subindo para 14,75% ao ano, sob a justificativa de tentar frear a inflação, sobretudo dos alimentos – cujos preços são, na verdade, controlados pelos cartéis das classes dominantes (grande burguesia e latifúndio). Além do mais, são os acionistas da dívida pública que de fato se beneficiam da medida, recebendo mais dinheiro mediante juros e amortizações pagos pelo velho Estado.

Já é o terceiro aumento da taxa de juros efetuado pelo BC este ano, e o patamar atingido é o maior em quase 20 anos – mais precisamente desde julho de 2006, ainda no primeiro governo petista, quando os juros estavam em 15,25% ao ano. O atual presidente da entidade, Gabriel Galípolo, foi indicado por Luiz Inácio para o período de 2025 a 2028.

Mentindo com estatística m6sy

Em meio a essa dura realidade, o IBGE divulgou com estardalhaço os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), afirmando que o rendimento médio real da população ocupada atingiu “nível recorde” em 2024, informação que foi religiosamente propagandeada pelo monopólio de imprensa. Segundo o órgão federal, o rendimento mensal real domiciliar per capita atingiu R$ 2.020, o rendimento de todas as fontes (trabalho, aposentadoria, pensão e programas sociais) R$ 3.057 e o rendimento habitualmente recebido em todos os trabalhos R$ 3.225.

Márcio Pochmann, atual presidente do IBGE nomeado por Luiz Inácio em 2023, é filiado ao PT e ex-presidente do “Instituto Lula”. Foto: Ricardo Stuckert

Contudo, como bem se sabe, estatísticas podem mentir, especialmente quando servem de instrumento da propaganda do velho Estado, e tais números estão longe de retratar a realidade da desigualdade social no País. A PNAD é realizada por meio de visitas domiciliares e entrevistas telefônicas, com base em uma amostra limitada. Ela não capta os rendimentos exorbitantes dos setores mais ricos da população, tampouco distingue entre ocupações precárias, informais ou sub-remuneradas.

Ademais, a média dos rendimentos também é uma métrica enganosa, frequentemente distorcida por valores muito altos (os chamados outliers) mesmo nessa amostra. Assim, o “recorde” alardeado se refere a uma média estatística que, como toda média, pode crescer mesmo com a grande maioria ganhando menos, se uma minoria enriquecer.

Exemplo mostrado na obra “Como mentir com estatística”, do jornalista e escritor Darrell Huff, sobre como a “média salarial” (neste caso, de uma empresa) pode ser enganosa. Foto: Reprodução

Enquanto isso, dados divulgados pelo próprio IBGE no último dia 30 de abril indicam que o Brasil segue com mais da metade da força de trabalho inserida na informalidade ou em ocupações sem proteção social e, além disso, conforme calculado por AND, há 118,2 milhões de brasileiros sem trabalhar – considerando as 7,7 milhões de pessoas “desocupadas” (conceito vago do IBGE) mais as subocupadas, em trabalho informal ou fora da força de trabalho. Assim, as massas trabalhadoras do País sofrem diretamente com a carestia e não veem esse “recorde” em seus bolsos.

118 milhões de brasileiros estão desempregados, informais ou trabalhando menos do que gostariam, segundo dados do IBGE  – A Nova Democracia
O desemprego no Brasil cresceu no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período anterior, segundo a nova Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE divulgada no dia 30 de abril.
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Coeficiente de Gini j2w30

O órgão federal também anunciou queda no índice de Gini, que mede a desigualdade, para 0,506, ostentando o “menor nível na série histórica” do indicador (quanto menor, melhor, pois menor é supostamente a concentração de renda).

Todavia, o índice de Gini, baseado em pesquisas domiciliares como a PNAD Contínua, não capta a renda do topo da “pirâmide social”, especialmente os 1% ou 0,1% mais ricos, cuja riqueza vem majoritariamente de capitais e muitas vezes sequer é declarada. Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Oxfam Brasil e de economistas como Thomas Piketty demonstram que, ao ignorar dados tributários e patrimoniais, o Gini pode sugerir uma falsa redução da desigualdade ou um aumento ilusório de renda, quando na prática a concentração de riqueza continua crescendo.

“A estabilidade da desigualdade de renda no Brasil, 2006 a 2012”, pesquisa do economista do Ipea Marcelo Medeiros publicada na revista Ciência e Saúde, conclui que a desigualdade de renda no Brasil, quando medida por meio da combinação de dados da declaração de imposto de renda e das PNADs, “é mais alta do que se estimava” levando em conta somente as pesquisas domiciliares, cujo Gini calculado subestima a renda dos mais ricos. A nova fórmula proposta pelo estudo chegou a um índice de Gini de 0,688 para 2012, bem acima da cifra oficial de 0,540, e o mesmo se repetiu ao longo de toda a distribuição estatística (2006 a 2012), indicando que o coeficiente atual também pode ser superior ao divulgado.

Os pesquisadores Sergei Soares e Marc Morgan também questionam a representatividade do nível de desigualdade como medido pelo índice de Gini, argumentando que, por questões amostrais ou falhas do questionário, esse indicador pode subestimá-lo, bem como que as pesquisas domiciliares possuem uma série de limitações.

Mesmo considerando o índice de Gini apresentado pelo IBGE (0,506) ou o calculado para o Brasil pelo Banco Mundial em 2022 (0,520), este ainda segue entre os dez mais altos do mundo, e a concentração de renda continua extrema, com o 1% mais rico ganhando mais de 36 vezes que os 40% mais pobres, isso levando-se em conta apenas a amostra do PNAD, sem contar a verdadeira renda (os ganhos de capital) das classes dominantes, grandes burgueses e latifundiários, parasitas da Nação.

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Propaganda versus realidade 286v40

Com base nesses dados, a propaganda oficial do governo de coalizão reacionária de Luiz Inácio (PT) vem tentando pintar um quadro de “otimismo” artificial em relação à economia do País para reforçar o velho conto de fadas petista, já característico dos gerenciamentos anteriores do oportunismo, de uma hipotética “escalada das conquistas sociais no Brasil”, nas palavras demagógicas do próprio pelegão em declaração neste sábado (10/05).

Para isso, evoca a narrativa de que a “alta no rendimento médio”, a melhoria na “massa de rendimentos” e a “redução da desigualdade” decorrem de um suposto “dinamismo do mercado de trabalho”, dos “programas de transferência de renda” e do “aumento do salário mínimo”, dentre outros disparates. Não obstante, mesmo tais fatores têm se mostrado insuficientes diante da alta generalizada dos preços.

O calejado petista Márcio Pochmann (presidente do IBGE) ao lado de Luiz Inácio e Dilma Rousseff durante comício de sua candidatura à Prefeitura de Campinas (SP) em 2012. Foto: Joel Silva/Folhapress

O reajuste do salário mínimo em 2025 foi corroído rapidamente pela inflação dos alimentos, remédios, transportes e serviços. As políticas públicas de focalização ditadas pelo Banco Mundial, como o Bolsa Família, seguem servindo apenas para campanhas midiáticas, sem resolver efetivamente as reais causas da miséria. Já o dito “dinamismo” do emprego se traduz, na prática, em vagas precárias e mal remuneradas, com grande parte dos postos de trabalho sendo informais, temporários, precarizados ou em plataformas digitais, sem garantias trabalhistas reais.

Além disso, o rendimento per capita pode mascarar desigualdades dentro dos lares e entre regiões: o mais elevado no Distrito Federal (R$ 3.276) contrasta brutalmente com o do Maranhão (R$ 1.078), evidenciando a desigualdade regional entre os grandes centros urbanos e o campo brasileiro.

Maranhão (R$ 1.078), Ceará (R$ 1.210) e Amazonas (R$ 1.231) apresentaram as três menores cifras de rendimento mensal domiciliar per capita. Entre as regiões, o Nordeste (R$ 1.319) apresentou o menor valor. Foto: Yuri Fernandes/#Colabora

Mudança depende de transformação radical 6q6342

Enquanto os analistas burgueses e órgãos federais propagandeiam com estatísticas enviesadas um Brasil inexistente, a vida concreta do povo mostra o contrário e continua marcada pela negação de seus direitos básicos, o arrocho e a carestia.

Essa condição não é casual, mas resultado direto de um modelo econômico voltado à exportação de commodities, principalmente agrícolas, para exportação, característica secular da estrutura fundiária semifeudal da sociedade brasileira que persiste em seu atual estágio capitalista burocrático.

Por conseguinte, enquanto não houver radical transformação que varra os alicerces dessa velha ordem de miséria e exploração, a iniciar pela Revolução Agrária destruindo o latifúndio e dando a terra a quem nela trabalha, os preços seguirão pressionados, e a desigualdade persistirá como regra.

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