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Os comandantes das Forças Armadas estão chateados. Quem informa é a reportagem do monopólio de imprensa Folha de SP. O motivo da zangaria é que o Tribunal de Contas da União solicitou ao Ministério da Defesa – que responde, politicamente, pelas Forças Armadas reacionárias – que se pronuncie sobre a tal fiscalização das urnas eletrônicas e dê seu parecer: são ou não seguras? Os milicos de alto coturno chamaram tal solicitação de “fiscalização da fiscalização”.
Ainda que essa questão seja apenas para desviar atenções – porque, de fato, não faz diferença se são urnas eletrônicas ou de cédula, quando o que dá um conteúdo farsesco às eleições é a natureza do próprio regime, no qual mandam as classes dominantes –, a depender do parecer dos generais ficará claro como as coisas serão frente ao resultado das eleições.
Recorda-se: o Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) reacionárias, pressionado pela agitação bolsonarista que crescia assombrosamente nos quartéis e buscando também ampliar e aprofundar sua tutela sobre as instituições dessa velha democracia, foi “convidado” a participar da comissão de transparência das eleições, pelo ministro do STF, Luis Roberto Barroso. Ato de convidar, ao mesmo tempo, imposto pelas circunstâncias.
Dali em diante, através do Ministério da Defesa, o ACFA enviou constantes questionamentos sem cabimento técnico, apenas para chantagear e intimidar lançando suspeita no processo eleitoral. Por três motivos: primeiro, para acompanhar o estado de espírito das tropas, sensíveis à agitação bolsonarista, de quem o ACFA não pode se distanciar em demasia, sob risco de perder o controle; segundo, porque num caso extremo, os generais calculam culminar o golpe de Estado e romper a ordem constitucional, embora prefiram e buscam não fazê-lo agora; e, terceiro, para que fosse reconhecido, pelo próprio STF e TSE, como tutor e Poder Moderador dessa velha República, até mesmo das suas eleições.
A decomposição da falsa democracia é tal que, no Brasil, quem dirá por último se as eleições valeram não é o tribunal eleitoral, mas os altos mandos das Forças Armadas. É a última voz. O próximo governo terá que obedecê-los, portanto.
O mais curioso é: por que razão os generais golpistas, inclusive os da ativa, há duas semanas do final do primeiro turno, não se pronunciaram sobre a segurança das urnas?