A história dos conflitos entre a resistência palestina e o Estado de Israel é marcada pela disparidade de forças e recursos. No entanto, é justamente nesse contexto de assimetria que a guerra justa do povo palestino revela sua superioridade estratégica frente às forças sionistas. O êxito militar não se mede em números de soldados e poder bélico, mas também na capacidade de adaptação, paciência revolucionária e conhecimento eficaz do terreno e das táticas de combate. E, principalmente, na justeza da linha que conduz a guerra e a decisão de heróicos homens e mulheres, de calçados e roupas simples, mas com uma coragem temperada em 70 anos de resistência à ocupação colonial. 1m1r70
O chefe comunista chinês Mao Tsetung, que dirigiu a luta anti-imperialista na China contra o Japão e desenvolveu escritos teóricos militares estudados pelos palestinos, afirma que “toda guerra justa e revolucionária é dotada de tremendo poder e pode transformar muitas coisas ou abrir caminho para sua transformação”. A propósito, a essência dessa afirmação não se reflete nas operações político-militares e nas mobilizações da resistência palestina? Mesmo diante de um inimigo com grande contingente e poder bélico, as organizações palestinas têm sido capazes de desequilibrar as forças reacionárias de Israel, transformando a aparente desvantagem em um campo fértil para a luta prolongada e a resistência organizada.
A Guerra de Guerrilha Palestina 6l431i
A guerra revolucionária é necessariamente uma guerra prolongada. Para converter forças fracas em fortes e aparatos inferiores em superiores, é preciso atuar com iniciativa, flexibilidade e planejamento. No contexto palestino, a guerra dos povos se adapta ao tipo de luta travada pelas organizações militares de guerrilha do Hamas, Jihad Islâmica Palestina e Frente Popular para a Libertação Palestina, em Gaza e Cisjordânia, assim como pelo Hezbollah, no Líbano. Em Gaza, os combatentes palestinos enfrentam o cerco inimigo aplicando conhecidas táticas de guerrilha para confundir, desorientar e exaurir as forças sionistas.
Um dos eventos mais notáveis foi a emboscada da Brigada Al-Qassam no bairro de Shejaiya, no norte de Gaza, onde pelo menos 10 oficiais e um comandante de batalhão da Brigada Golani foram mortos. A batalha, que durou mais de três horas, destacou a astúcia dos combatentes da Al-Qassam, que se disfarçaram com uniformes da Força de Defesa de Israel (FDI) e utilizaram fuzis M16, atraindo os soldados para um prédio repleto de explosivos. Shejaiya está para os palestinos de Gaza, como Ienan está para os chineses: a orgulhosa e heróica base de apoio que ilustra para o mundo a forja de aço palestina.
Além disso, as forças de resistência utilizam artefatos explosivos de alto impacto para sabotagens, disparos de foguetes, emboscadas e, de maneira brilhante, a guerra de túneis como método para alcançar superioridade tática. Esses túneis, carinhosamente chamados de “metrô de Gaza”, se estendem por dezenas de quilômetros sob a Gaza e Israel, permitindo que os combatentes se movimentem com agilidade, preservando suas forças e evitando a detecção.
As forças da Resistência tem se capacitado e demonstram que Israel não tem (como naturalmente não conseguiria ter) conhecimento total sobre as forças do Hamas. No dia 24 de junho, as Brigadas Al-Qassam realizaram um ataque audacioso contra um veículo blindado do tipo Ovik, atingido por um míssil teleguiado do tipo ATGM. O armamento de origem chinesa, com tecnologia inédita para a organização, resultou na destruição do veículo. Desde quando este armamento está em Gaza e quais outros a resistência pode ter em seu arsenal, são incógnitas que assombram os comandantes israelenses.
Tanto Shujaiya, ao norte, e Rafah, ao sul, foram respostas exemplares da Resistência Palestina à rede de mentiras de Israel. Ambas localidades foram consideradas controladas pelas tropas sionistas, que afirmaram que tinham dizimado as forças do Hamas.
Na Palestina, as emboscadas e ataques rápidos contra patrulhas e postos de controle israelenses são táticas essenciais que vão além da mera neutralização das forças inimigas; elas têm como alvo estratégico a captura de armamentos e munições, fortalecendo assim a capacidade operacional da resistência. Exemplo disso é o desenvolvimento do Al-Yassin 105mm, o primeiro míssil anti-blindado da Brigada Al-Qassam, que surgiu durante a operação Dilúvio de Al-Aqsa.
Esse míssil representa um marco significativo na evolução do arsenal da resistência palestina, simbolizando a adaptação e inovação diante de um adversário militarmente superior. O Al-Yassin 105mm não apenas demonstra a habilidade técnica dos combatentes, mas também reflete uma estratégia bem-sucedida de utilização de recursos capturados para aumentar a eficácia em campo. Eis os frutos da engenharia de guerra de Gaza.
O Papel do Povo na Resistência 6h6e2v
O fator tempo na guerra dos povos, e seu caráter prolongado, favorecem as forças populares. Contudo, a resistência palestina compreende que o desgaste das forças israelenses depende da mobilização constante das massas, criando um estado de guerra prolongada em que essas massas, ainda que desarmadas, estejam constantemente mobilizadas para defender sua justa causa.
A mobilização das massas é a espinha dorsal da resistência, proporcionando apoio logístico, informações e recursos para as organizações armadas. Desde o início do conflito, as comunidades palestinas têm se organizado em protestos, manifestações e ações contra o Estado de Israel, demonstrando o vínculo orgânico entre as massas e a resistência palestina.
Isso explica como o Hamas, considerado inexistente na Cisjordânia antes de 7 de outubro de 2023, ganhou a confiança das massas palestinas e viu sua popularidade aumentar para 73%. Essa mobilização é evidente nos campos de refugiados palestinos em Jenin, Nablus e Tulkarem, onde o Hamas conseguiu desenvolver suas forças, tornando-se bastiões da resistência na Cisjordânia. A autoridade da Resistência é reconhecida pelas massas, que vêem nas organizações de luta armada não apenas uma máquina de combate militar a Israel, mas aqueles que legitimamente levam adiante os seus princípios. A luta armada palestina e a mobilização das massas se entrelaçam numa relação simbiótica: uma só pode existir com a outra.
O futuro da Palestina: desenvolver a guerra revolucionária até a vitória final 5y6e2l
A resistência palestina demonstrou uma impressionante unidade e coesão entre os seus componentes. O próprio lançamento do Dilúvio de Al Aqsa foi uma operação conjunta entre diversas forças palestinas que atuam em Gaza e que gestaram durante 2 anos este feito transcendental. No terreno da guerra, lutar de maneira coesa e unida é sinal de saúde das forças guerrilheiras palestinas, algo que não se observa nas forças sionistas. São milhares de ações conjuntas orquestradas e empreendidas dentro e fora de Gaza.
O anúncio de Yahya Sinwar como o novo líder do Birô Político do Hamas, após o criminoso assassinato de Ismail Haniyeh na capital do Irã, foi visto como grande exemplo desta unidade. Sinwar é amplamente reconhecido pelas massas palestinas como um defensor firme e leal da luta armada, garantindo os princípios e interesses do povo palestino.
A solidariedade internacionalista, principalmente a solidariedade militar do Hezbollah, Kata’ib Hezbollah no Iraque e do Movimento Ansarallah, são grandes contributos na epopeia histórica desenvolvida pelo povo palestino. O exército israelense é forçado a responder a uma guerra prolongada de desgaste e a cada dia que se prolongar a agressão sionista, se encurtará a derrocada de Israel.
A Resistência Palestina, em todas as suas frentes, pavimenta o caminho para libertar as terras de seu povo das garras do sionismo. A luta armada palestina está posta centro do debate internacional e prova para todos que a guerra do povo pode triunfar e se transformar em um poderoso motor de libertação dos oprimidos.
Em suma, o povo palestino, em especial a Resistência Nacional e o Hamas, que hoje exerce a função de vanguarda e ponto de unificação, aprenderam da experiência do proletariado internacional o seguinte princípio: o imperialismo, e também o sionismo, é um tigre de papel. E, com ele, aprenderam com o proletariado internacional a grande verdade de que as massas populares podem triunfar, desde que disponham de forças armadas próprias, desenvolvam a guerra de guerrilhas umbilicalmente vinculada às mais amplas massas, todas mobilizadas em função da guerra patriótica, e faça das zonas liberadas verdadeiros bastiões em que tudo, absolutamente tudo, está em função da guerra do povo. A Resistência Palestina, em suma, aprendeu a aplicar as formas e espírito da guerra popular: ao fazê-lo, não apenas transforma para sempre a luta de libertação da Palestina, dando-lhe a chance de vencer, como também lança, para todo o globo, a poderosa palavra de ordem de que, com estes princípios universais, devidamente aplicados a cada realidade, todas as classes e povos oprimidos também podem triunfar.