A comunidade do Santo Amaro, no Catete, celebrava sua festa junina na noite de sexta-feira (6) quando foi surpreendida por uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar. Os tiros disparados pelos PMs assam Herus Guimarães, de 24 anos, com dois tiros no estômago e feriram outras cinco pessoas.
A apresentação de quadrilhas da festa junina comunitária do Morro Santo Amaro acontecia, reunindo os tradicionais os de forró com os do funk carioca, quando diversos tiros foram disparados pela PM provocando tumulto entre os presentes que, em sua maioria, eram crianças e adolescentes.

Os tiros atingiram cinco pessoas além de Herus Guimarães que, segundo um morador que não quer ser identificado, foi arrastado pelos policiais até o final de um beco, não deixando o jovem receber socorro. Herus foi enviado para o Hospital Glória D’Or, porém não resistiu aos ferimentos e foi a óbito, já os feridos foram enviados para o Hospital Municipal Souza Aguiar e um deles se encontra em estado grave.
Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram a Festa Junina e o momento da troca de tiros. É possível ver a correria e o desespero dos presentes na celebração. Além dos moradores, havia um grupo de pessoas que estavam presentes para a apresentação de quadrilhas e que não eram do local. Também há vídeos que mostram a revolta das massas com os policiais enquanto aguardam o atendimento aos feridos.
Na manhã deste sábado (07), os moradores do morro desceram e fecharam a Rua Pedro Américo, protestando contra a violência policial que se torna cada vez mais comum nas favelas do Rio de Janeiro.

Um morador e amigo de Herus, em relato ao Correspondente Local do AND, informou que o jovem assassinado era um trabalhador como qualquer outro, que nunca tinha se envolvido com o crime, e que foi o único do grupo de amigos que se formou no tempo correto na escola. O mesmo lamentou a ação do Velho Estado e denunciou as falsas opções para o povo pobre sobreviver: “Se o favelado se envolve com o crime é morto, se ele não se envolve e trabalha honestamente também é assassinado pelo Estado. Eles chegaram atirando sem avisar nada, esse Estado tem que acabar”.
Outro amigo de Herus relatou: “Eu vi o Herus nascer, era um jovem honesto, inteligente, trabalhador e que deixa uma filha pequena. É algo que pode acontecer com qualquer um que more nas favelas do Rio, não existe uma perspectiva de mudança”.

Essa é mais uma das operações policiais onde o povo pobre se torna, novamente, vítimas que vem crescendo após o fim da ADPF das Favelas . Sob desculpas de combate ao tráfico ou ao crime organizado, o velho Estado organiza chacinas e repressão aos trabalhadores pobres que aumentam sua resistência e lutam mais e mais por sua sobrevivência.
