Uma criança foi covardemente baleada no rosto enquanto os policiais atiraram indiscriminadamente contra os camponeses usando escopetas de bala de borracha em uma ação terrorista promovida hoje (15/05) pela Polícia Militar do Piauí contra os camponeses da ocupação Marielle Franco, na capital Teresina. A polícia chegou no local pela manhã cercando a região, intimidando a população local e derrubando suas casas com escavadeiras.
De acordo com os moradores, a PM agiu como pistoleiros, realizando uma operação de despejo a serviço do cartel Cooperativa Mista de Avicultores do Piauí (Coave). A empresa latifundiária procura há meses se adonar da terra que pertence à prefeitura. A operação de grilagem faz parte de uma série de ataques das polícias piauienses aos camponeses da capital.
Os moradores já haviam realizado a reocupação do local em fevereiro, em uma ação que contou com a solidariedade de estudantes e camponeses maranhenses e de membros do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Desde então, intimidações diárias eram promovidas por parte da PM e do BOPE.
Sob ordens da Coave, dezenas de PMs cercaram a ocupação com viaturas e montados a cavalo, iniciando já pela manhã uma série de demolições sem dar o direito de ninguém remover seus pertences. Ataques com bombas de gás lacrimogêneo e tiros foram relatados.
Em relato, Maria dos Milagres, moradora da ocupação, relatou que o chefe dos capangas da empresa ameaçou a vida dos camponeses: “disse que o motorista da Marielle Franco foi assassinado com a Marielle Franco e por quê nós não seríamos assassinados?”. Segundo o relato, crianças, idosos e mulheres grávidas foram agredidos pelos policiais.
A irregularidade do caso chega a tanto que o endereço da ordem judicial de despejo é diferente do acampamento, indicando se tratar de uma propriedade no bairro de Sacopo, enquanto a ocupação Marielle Franco fica no Samapi.
A ocupação Marielle Franco começou a ser organizada em 2024, reunindo 135 famílias. O histórico de ocupação do terreno por famílias camponesas remonta à década de 1970. Desde a pandemia, Teresina vive um novo impulso à ocupação de terrenos ociosos e abandonados há anos em busca de moradia. O número de tomadas de terras na cidade explodiu, e estima-se que existam cerca de 200 ocupações em Teresina, onde vivem entre 80 e 100 mil pessoas. A OPA, que dirige a Ocupação Marielle Franco, também tem acompanhado várias outras.