Ambientalista Lauro Bacca ataca ocupações indígenas em SC 46c5w

Candidato a deputado estadual do Rede ataca povos indígenas do estado.
Foto: Reprodução

Ambientalista Lauro Bacca ataca ocupações indígenas em SC 46c5w

Candidato a deputado estadual do Rede ataca povos indígenas do estado.

Nos dias 18 e 31 de março, foram publicados dois artigos de opinião no jornal digital “O Município” de Blumenau, atacando o processo de retomada das terras ancestrais do povo Laklãnõ/Xokleng. O autor do ataque é Lauro Eduardo Bacca, naturalista e candidato a deputado estadual em Santa Catarina pelo Partido REDE Sustentabilidade, cuja principal representante é a atual Ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática do governo Luiz Inácio, Marina Silva. 6s6mr

Desde outubro de 2022, o povo Xokleng vem realizando a retomada de suas terras originárias, localizadas no Parque da Serra do Itajaí, uma das Unidades de Conservação (UC) de Santa Catarina criada em 2004, sendo atualmente istrada pelo órgão federal Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio).

Para tentar desmoralizar a luta dos povos indígenas, o autor se embasa em falácias reacionárias, mascaradas pelo discurso da “sustentabilidade”. Se ausentando de qualquer embasamento, o autor afirma que, diferentemente dos velhos tempos, os indígenas que habitam a região atualmente não preservam mais a natureza como seus antecessores. Dessa forma, usa da retórica da “não generalização” para afirmar que “indígenas não são sinônimo de preservação da natureza”, colocando que o impacto ambiental no território tem se aumentado ao longo dos anos. O autor se coloca em uma corda bamba ao longo de sua argumentação, falseando que a introdução de novas tecnologias e ferramentas nas comunidades tradicionais teria um prejuízo generalizado na fauna e flora, como o uso de energia elétrica, introdução de cães de caça, automóveis e, de modo absurdo, até aviões. Sendo assim, defende a expulsão do povo Laklãnõ/Xokleng da Unidade de Conservação. 

Em determinado momento, Lauro cita a produção de cocares com aves em risco de extinção e o corte de madeira pelos indígenas para desmoralizar sua presença no território. No entanto, se posiciona de maneira totalmente desonesta.

Primeiro, porque indígenas não caçam aves para a produção de seus cocares. Na verdade, as penas utilizadas são apenas as que caem dos pássaros, fazendo com que a produção dos cocares seja muito demorada e estes confeccionados sem pressa alguma e sem prejudicar os animais.

Segundo, ao culpabilizar o povo Xokleng pelo risco de extinção destas espécies, sem levar em consideração que convivem com elas há milhares de anos, e desenvolveram suas práticas de caça e coleta mirando a preservação da natureza, sem causar nenhum risco à sua reprodução. Assim, busca responsabilizar os povos indígenas pelos impactos que os biomas vêm sofrendo desde a invasão dos europeus e, principalmente, com a degradação territorial em prol do latifúndio exportador. Tal argumento se assemelha muito à famosa falácia: “diminua seu consumo de água diário para salvar o planeta”. Essa concepção totalmente individualista não responsabiliza os verdadeiros culpados pelos impactos que nossos biomas vêm sofrendo e serve apenas para atacar os povos indígenas e desmoralizar a luta pela retomada de suas terras.

Lauro Bacca defende que os indígenas devem permanecer dentro dos limites das Terras Indígenas (TI) delimitadas pelo Estado. No entanto, tal argumento se mostra deslocado da realidade e da experiência histórica desses povos, pois mesmo seguindo os limites das TI durante todo o século XX e XXI, o povo Laklãnõ/Xokleng, proveniente da TI Ibirama-La Klãnõ vêm sofrendo com as inundações consequentes da construção da Barragem Norte e outras obras de infraestrutura; com a própria redefinição dos limites das TIs como a nefasta tese do Marco Temporal e até mesmo com ataques a mando de políticos e empresários locais.

O autor também ignora completamente o fato de que o direito dos indígenas sobre as terras reivindicadas se trata de um direito ancestral. Não há nenhum Estado colonizador que ampare o direito à terra de povos que a habitavam muito antes das invasões. Esse é um movimento cínico da colonização que realizou um verdadeiro massacre sistemático contra os povos indígenas para tomarem suas terras, destruindo suas florestas para sustentar o latifúndio escravista e posteriormente feudal que se expande até hoje. E que, quinhentos anos depois, o Estado brasileiro, mantenedor dessa chaga, continua assassinando os povos nativos e os impedindo de retomarem suas terras. Para isso, se utilizam de diversos discursos, agora, com a alegação de que estes não são suficientemente “sustentáveis”! Apesar de ser um ambientalista, na prática, Lauro Bacca atua como um porta-voz dos atuais bugreiros, mercenários contratados pelo Estado e empresários colonizadores na agem do século XIX para o XX em Santa Catarina para ass os indígenas e tomar suas terras.

A verdadeira ameaça às nossas florestas é o latifúndio que assassina homens, mulheres e crianças indígenas e camponesas em suas terras e desmata milhares de hectares anualmente para a exportação de commodities aos países centrais do imperialismo. Deve ser feita uma pergunta ao senhor Lauro Bacca, como sendo um verdadeiro “ambientalista”, se teria coragem de enfrentar os grupos de pistoleiros e paramilitares bolsonaristas a mando de latifundiários para defender a terra como assim fazem bravamente indígenas e camponeses em todo o nosso país? 

As ongs imperialistas e a falsa sustentabilidade  2a1r5p

Lauro Bacca e seu partido (REDE) defendem os interesses das ongs autodenominadas ambientalistas que são, na realidade, financiadas pelo capital estrangeiro e que visam as terras brasileiras para extraírem recursos naturais para países estrangeiros dentro das normas de “sustentabilidade” do Estado. 

Exemplo disso é o caso denunciado em 2023 durante a I das ONGs pelo professor Tule, do povo Coripaco/Baniwa, localizado na Amazônia, onde a ong Instituto Socioambiental (ISA) lucra com a exploração do trabalho de extração da pimenta Baniwa pelos indígenas para exportar para a Irlanda, onde o recurso é utilizado para a produção de cervejas.

Além de político, Lauro Bacca também é co-fundador da ong Associação Catarinense de Preservação da Natureza (ACAPRENA), que possui parceria com a Veolia Environment, multinacional sa que atua no Brasil como prestadora de serviços na gestão de água, energia e resíduos. A multinacional foi denunciada em 2023 por moradores de Patio Bonito – Colômbia por manter um aterro sanitário adquirido em 2019 que está contaminando a água da população local, impedindo-os de pescar ou caçar nas áreas ao redor e fazendo-os depender de caminhões pipa para o consumo de água.

Esses casos apenas demonstram que os discursos ambientalistas muito em voga nas últimas décadas, proferidos por ong, empresas multinacionais e partidos da velha ordem, não am de uma desculpa para reorganizar o espaço do território nacional, assim como foi feito no início do século XX, com as políticas sanitaristas promovidas pelo Estado brasileiro em parceria com empresas estrangeiras. Nesse sentido, tanto os falsos ambientalistas quanto o latifúndio estão comprometidos em atacar indígenas e camponeses e tomar suas terras, seu principal meio de produção, em defesa da rentabilidade de poucos subordinados ao imperialismo. 

Com um discurso esvaziado, é proposta uma ideia de preservação ambiental importada de think-tanks e demais organizações financiadas pelo imperialismo, a fim de controlar e manter a exploração predatória e o manejo de recursos em nosso solo. No fim, o projeto colonial é reforçado no presente a partir da negação de sua territorialidade milenar, caracterizando uma opressão diária do latifúndio e da grande burguesia a milhares de famílias que tiveram suas terras usurpadas pelos latifundiários.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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