Funcionários da AeC-RJ se mobilizam por melhores condições de trabalho 532f56

Operadores denunciam exploração máxima, baixos salários e vales insuficientes para a própria alimentação.

Funcionários da AeC-RJ se mobilizam por melhores condições de trabalho 532f56

Operadores denunciam exploração máxima, baixos salários e vales insuficientes para a própria alimentação.

Desde janeiro, operadores de call center da empresa AeC têm se organizado, de forma inédita, para intervir nas negociações do acordo coletivo de 2025/2026. A mobilização tem ocorrido à margem do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicação do Rio de Janeiro (Sinttel-RJ), descrito por um(a) operador(a) em condição de anonimato como um “sindicato pelego e pró-patrão, que diariamente tem sabotado a luta dos trabalhadores, servindo como verdadeira camisa de força da classe operária.” 385u1s

A AeC obteve um faturamento de R$ 2 bilhões em 2024 e um lucro líquido de R$ 125 milhões. Apesar desses lucros exorbitantes, a empresa insiste em impedir a mobilização dos operadores, inclusive lançando mão de demissões, segundo os próprios trabalhadores. Prática que chamou a atenção dos operadores, pois a empresa não tem a prática de encerrar contratos para não ter que arcar com os valores de rescisão. Além disso, os trabalhadores têm relatado diversos episódios de coação e assédio por parte de supervisores, coordenadores e gerentes para que não participem da mobilização e aceitem a paupérrima proposta apresentada.

A proposta 3g6b5z

Segundo relatos de funcionários, nos últimos anos as reuniões para definir os pontos do acordo têm sido sempre um jogo de cartas marcadas. Além da falta de representatividade real à mesa, pautas importantes não são discutidas e o que é oferecido são reajustes mínimos.

A atual proposta da empresa é de reajuste de 4,77% para os trabalhadores que recebem acima do salário-mínimo (o ganho real é cerca de R$ 20) e o ajuste para o mínimo (R$ 1.518,00) para quem trabalha 6 horas (h) e 20 minutos (m) por dia, na escala de 6 dias de trabalho por um dia de folga (6×1). O “abono” proposto (que nada mais é que o valor retroativo a ser pago pela defasagem do salário desde janeiro) é de míseros R$ 460. Essa esmola está sendo alardeada pela AeC como “benefício” a ser pago antes da Páscoa, garantindo uma “compra de votos” com dinheiro do próprio operador. Nada é dito sobre o não recolhimento do INSS dos meses em que o salário esteve abaixo do mínimo, antes do reajuste.

Sobre o vale-refeição (VR) e o vale-alimentação (VA), a proposta de reajuste é de 4,77%, garantindo “espetaculares” R$ 0,46 de aumento (a ser pago somente em junho) para um “benefício” que atualmente é R$ 9,68, o que muitos operadores denunciam como insuficiente para se alimentarem. O Rio de Janeiro é a cidade com o valor médio de uma refeição mais caro do Brasil (R$ 60,46).

Além disso, está prevista a manutenção de pautas lesivas aos trabalhadores, como a cláusula 10 (X) do ACT de 2023 – que permite a escala 10×1 e tem sido utilizada para justificar a jornada 7×1 em alguns setores –, a proibição de utilização do banco de horas, a compensação por banco de horas das chamadas “folgas extras” (folgas “concedidas” no meio da semana para quebrar a sequência de trabalho por 7 dias seguidos, que é proibida por lei), a não validação de atestado de acompanhamento hospitalar do pai e da mãe, entre outras.

O que querem os operadores? 5u943

Além de um aumento significativo na porcentagem do reajuste, os trabalhadores exigem a redução do valor da mensalidade do plano de saúde (que por vezes chega a mais de R$ 300 só de pagamento mensal, fora o gasto com exames e consultas) e exigem que sejam revistas as cláusulas lesivas dos últimos acordos, de forma que a empresa seja obrigada a cumprir a lei. Exemplo disso é o fato de a AeC descumprir o artigo 386 da CLT, que obriga as mulheres a terem pelo menos 2 domingos de folga por mês – temos relatos de que é recorrente a prática de operadoras sendo escaladas todos os domingos do mês. 

Diante desse quadro de aumento da precarização do ambiente e das condições de trabalho, os operadores da AeC não cruzaram os braços. Apesar das dificuldades, assédios e mentiras da empresa, eles têm se mobilizado e organizado para conscientizar seus colegas a não só rejeitar a proposta apresentada pela empresa – em conluio com o sindicato – como também ter sua própria pauta de reivindicações. 

“Os operadores estão dispostos a ir até as últimas consequências, apesar das tentativas do Sinttel de agir como camisa de força para impedir greves e paralisações”, comentou um(a) funcionário(a) à reportagem. Eles prometem manter a mobilização, de forma a criar condições e cultura para que as próximas negociações não sejam mais realizadas a portas fechadas e para que todos os trabalhadores de call center conscientizem-se de sua força enquanto classe operária.

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