Enquanto o povo brasileiro tem dificuldades para fechar o mês frente à alta da inflação no País, cartéis econômicos lutam no Brasil contra a redução de preços de alimentos e petróleo, segundo informações veiculadas na imprensa hoje (23/1). 2ou1u
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) chantageou o governo após um ruído ter levantado suspeitas de que a equipe econômica de Luiz Inácio (PT) implementaria uma política de regulação dos preços.
O medo dos grandes burgueses era de que o governo implementasse uma política de limitação dos preços e de exportações. O governo, refém dos bilionários, logo tratou de esclarecer que não faria nada do tipo.
As medidas não têm nada de absurdo: a cesta básica aumentou em todas as cidades do Brasil entre 2024; a carne, alimento que deveria ser básico, subiu 8,02% no mesmo período, principalmente porque os latifundiários da pecuária preferem exportar a carne para vender mais caro (em dólar) do que vendê-la no mercado interno. O valor pago pelos importadores de carne brasileira em 2024 (normalmente imperialistas) foi de 4,3 mil dólares (R$ 24,8 mil) por tonelada, uma alta de 5,7% em relação a 2023.
Não seria nada estranho que o governo limitasse as exportações, impondo uma quantidade de carne mínima a ser vendida no mercado interno, uma vez que elas são produzidas em solo nacional. Ainda mais que essa é uma estratégia recuada, uma vez que o mais acertado seria redistribuir as terras do latifúndio entre o povo camponês.
As opiniões dos grandes burgueses são transmitidas pelo monopólio de imprensa. O regulamento dos preços e a limitação das exportações foram descritos na edição CNN Novo Dia de 23 de janeiro como “as piores opções para conter os preços”.
Os bilionários são contra até mesmo os estoques regulatórios – política de estocar bens não perecíveis e colocá-los no mercado quando houver falta, para abaixar o preço. A opção estava dentro do quadro de “o que pode, mas não deve (ocorrer)”, montado pelo jornal monopolista CNN para representar as vontades do “mercado”.
A política de estocagem regulatória foi destruída no Brasil com o sucateamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os estoques públicos de arroz foram zerados em 2022 e nunca foram repostos.
Atualmente, o governo tem estocados somente 62 toneladas de farinha de mandioca, 67 toneladas de feijão, 416 toneladas de arroz e 229.543 toneladas de milho (o Brasil já teve mais de 3 milhões de toneladas desse grão). O País não tem nenhuma tonelada de café, açúcar, fécula de mandioca e trigo.
Os oligarcas sugeriram como alternativa a venda de alimentos fora da validade (com a implementação de “duas” datas de validade, uma como a atual e outra abaixo da qualidade, mas sem estar estragado), a redução do prazo e do preço para o reembolso do cartão de crédito e a diminuição do custo do vale-alimentação.
Outras alternativas, segundo o monopólio de imprensa Uol, são:
- Entrada em vigor da nova cesta básica para desonerar produtos como carnes. O problema é que, como os preços são definidos por cartéis, o mais provável é que os magnatas mantenham os preços altos apesar da desoneração, para atingir o lucro máximo
- Seguir com o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para deficientes contratados pelos supermercados. Na legislação atual, o BPC é cortado pela metade quando o beneficiário consegue um emprego. Por mais que a reivindicação seja justa em geral, os magnatas do supermercado pontuam essa alternativa para reduzir o salário dos funcionários.
- Flexibilização de contratos de trabalho e inclusão na desoneração da folha, para impor regimes de trabalho ainda mais precários e com menos direitos.
- Políticas de isenção fiscal e desoneração, como: isenção de impostos para doação de alimentos e desoneração para a contratação de jovens e maiores de 60 anos.
O governo capitulou frente aos bilionários e anunciou no próprio dia 23/1 que não vai regular os preços e nem impor um limite às exportações. A implementação de estoques regulatórios ainda não foi descartada, mas é difícil que o governo consiga reverter o quadro catastrófico dos estoques rapidamente.
Paralelamente, o cartel do petróleo também está insatisfeito. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que reúne milionários do ramo do petróleo, dentre eles donos de refinarias privadas, afirma que o preço do combustível no Brasil precisa subir. A justificativa é que o preço da gasolina e do diesel está com uma defasagem de 13% e 17% em relação ao mercado internacional.
Acontece que o combustível brasileiro não está barato: a gasolina foi o item que mais teve alta em 2024. Além disso, o petróleo brasileiro é negociado em dólar, o que já equipara o preço do combustível nacional com o do mercado internacional.
O que os magnatas querem fazer é elevar o lucro, mesmo com os lucros exorbitantes já conquistados. A própria Petrobras lucrou R$ 53,65 bilhões em 2024 – e pagou aos acionistas um valor ainda maior, na casa dos R$ 64,2 bilhões.