Em sequência a outros atos que aconteceram em dezembro, professores e estudantes de turmas da EJA de Goiânia protestaram neste dia 01, na cerimônia de posse dos vereadores e do prefeito Sandro Mabel (União Brasil). O protesto denunciou o fechamento de 38 escolas municipais da EJA e a transferência das turmas para a rede estadual. Os trabalhadores istrativos das escolas e CMEIs também participaram, exigindo o plano de carreira da categoria. 4f4k9
Os manifestantes se concentraram em frente ao local onde acontecia o evento, com cartazes e faixas. Uma delas dizia: “Chega de salário de fome para os istrativos da Educação de Goiânia! PLANO DE CARREIRA JÁ!”.
Uma estudante da EJA pegou o microfone e afirmou: “Você não vai ter paz, Sandro Mabel, esses quatro anos. Nós vamos guerrear, nós, alunos”.
As turmas do segundo segmento da EJA, correspondentes ao ensino fundamental II, serão transferidas para escolas estaduais distantes das casas dos alunos. Segundo o prefeito e a secretaria estadual de educação, em compensação, a EJA será “EJA-TEC”, uma modalidade de ensino à distância. Entre as muitas dificuldades apontadas para o o e aprendizado nessa modalidade, a professora Janaína, pesquisadora da Educação de Jovens e Adultos no Instituto Federal de Goiás, alertou durante o ato:
“Sandro Mabel, faça melhor do que o seu padrinho Caiado tem feito em relação à Educação de Jovens e Adultos. Não tome o Caiado como modelo para pensar a educação pública, principalmente a EJA, porque lá ele sofisticou: disse que ia atender à distância, para pessoas que só têm internet no celular.”
Além dos alunos, os professores da EJA se tornarão excedentes e não sabem para onde serão transferidos ou como ficarão suas aulas. Segundo a estimativa de um professor, nas 55 escolas da EJA haveria em torno de 400 a 500 professores e cerca de 170 istrativos. Mas, na sua opinião, os profissionais excedentes podem chegar perto de 1000, devido às novas diretrizes de modulação da Secretaria Municipal de Educação, que aumentaram 1 aula para cada professor, entre outras mudanças. O SIMSED (Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia), convoca a formação de uma frente em defesa da EJA.
O ato também denunciou o falecimento de quatro servidores da educação, nos últimos três meses, por adoecimento e pelas condições de miséria impostas. Um abaixo assinado publicado pelo Comando de Luta dos istrativos da Educação definiu a situação como de “vida ou morte”:
— Claudia Xavier – no dia 24 de outubro de 2024 , Cristiano Marques de Sousa – 31 de outubro de 2024, Marco Túlio Vieira de Brito – 20 de dezembro de 2024, Deborah Kelly Gonçalves Vidal – 25 de dezembro de 2024: nenhum deles conseguiu cuidar da sua saúde, nem física, nem emocional, e agora suas famílias, amigos e colegas de trabalho sofrem com essa perda.
Segundo uma liderança presente no ato, a última pessoa a vir a óbito foi encontrada morta em casa depois de pedir dinheiro a colegas, para chamar um Uber para ir ao hospital, e não conseguir. Os istrativos reivindicam o plano de carreira para garantir aumentos dos vencimentos, desde 2022 pelo menos.
No final de 2023, um acordo que deu fim à greve da categoria determinou que fossem feitos estudos e enviado o projeto para aprovação do novo plano de carreira. O acordo não foi cumprido e, no início de 2024, outra greve conquistou um auxílio-locomoção. Nos últimos meses, os valores do auxílio têm sido descontados dos salários dos trabalhadores.
Discurso anti-povo é interrompido por quedas de energia 3q5i5f
Os manifestantes entraram na cerimônia oficial da posse e gritaram palavras de ordem em defesa do plano de carreira dos istrativos e da EJA. Durante a fala do prefeito, houve ao menos três quedas de energia, que o interromperam e apagaram as luzes. Nesses momentos, os trabalhadores gritaram “Não fecha a EJA”, “Plano de carreira, já!” e “Trabalhadores estão morrendo”, o que desmoralizou o discurso do gerente de turno.
Em seu discurso, Sandro Mabel defendeu “medidas duras”, fazendo referência às medidas anti-povo decretadas antes mesmo da sua posse, entre elas o fechamento das 38 escolas da EJA. Mabel afirmou também que irá enviar “gestores” para as unidades de saúde e da educação.
O ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade), ano ado, suspendeu as eleições para diretores de escolas na véspera da data de votação, 27 de novembro. A suspensão valeria por 90 dias, até fevereiro, quando deveriam ocorrer as eleições. O discurso do prefeito empossado deu a entender que ele pretende, ao contrário, indicar gestores (interventores). A gestão democrática das escolas, como a universalização do ensino, a erradicação do analfabetismo e o plano de carreira dos servidores públicos são direitos previstos em lei.