Na tarde do dia 29 de maio, entregadores de aplicativo bloquearam a Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá, em rechaço ao assassinato do entregador Kelvin Tavares da Cruz, de 29 anos, por um motorista alcoolizado. O protesto dos entregadores expressa sua revolta contra as condições de trabalho: ganhando uma miséria para realizar o máximo de entregas possíveis, são submetidos a um dia a dia de trabalho sem qualquer tipo de segurança, e sem direitos em caso de acidentes ou morte. O autor do crime foi liberado pela polícia. n554c
A manifestação foi iniciada com bloqueio das duas faixas da avenida com pneus em chamas, e seguiu até a Capela Dom Bosco, local do velório de Kelvin. No trajeto, trabalhadores protestaram em buzinaço contra as condições de trabalho que levaram à morte do entregador. O trabalhador deixa esposa e dois filhos, de 4 e 8 anos.
Regime de superexploração 2w5a54
Acontecimentos como o do trabalhador Kelvin Tavares refletem o nível de precarização das condições de trabalho em que os motoristas de aplicativo e demais entregadores estão inseridos. Frente à alta dos custos de vida, esses trabalhadores são submetidos a jornadas cada vez mais exaustivas e perigosas de trabalho sem as mínimas condições de segurança. As empresas de aplicativo, responsáveis por contratar os entregadores e cobrar-lhes abusivas taxas a cada entrega, fornecem pouco ou nenhum equipamento de segurança, como capacetes, joelheiras, cotoveleiras e jaquetas de proteção.
Soma-se a isso os casos das terceirizadas de aplicativos, como o regime dos “Operadores Logísticos” do iFood. Nesse regime, os trabalhadores são submetidos a jornadas ainda maiores de trabalho sob condições ainda mais precárias e inseguras. Muito diferente da suposta “liberdade” propagandeada por empresas como iFood.
A razão dos acidentes que afetam os entregadores de todo o Brasil está na precarização do trabalho e na falta de quaisquer direitos ou segurança durante o expediente. A falta de direitos recai também sobre suas famílias, desamparadas de quaisquer assistências após a morte do entregador em trabalho. São crimes contra o povo promovidos pelas grandes empresas monopolistas de entrega. Contra essa situação limite, cresce o número de greves, protestos e manifestações dos entregadores por melhores condições de trabalho.
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