Manifestantes arremessam pedras contra forças de repressão indiana em Sriganar. Foto: Danish Ismail/Reuters. 1q3711
No dia 25 de maio, manifestantes realizaram múltiplas ações na Caxemira contra a condenação de prisão perpétua de Yasin Malik, líder da Frente de Libertação Jammu e Caxemira (FLJC), preso desde 2019. Protestos ocorreram em Srinagar, capital do país, e um confronto armado entre insurgentes e forças policiais indianas se deu no norte de Keeri, cidade de Baramulla.
Familiares de Yasin Malik e centenas de apoiadores da FLJC protestaram em frente à casa de Yasin Malik, na região de Maisuma, em Srinagar. Os manifestantes entoavam palavras de ordem em apoio à Malik e contra a condenação feita pela corte da Agência Nacional de Investigação (AIN) da Índia. Também em apoio à Yasin Malik, diversos comércios fecharam suas portas no dia 25/05.
As forças de repressão da Polícia de Jammu e Caxemira, que respondem diretamente ao velho Estado indiano, monitoravam a manifestação com grande aparato e utilizaram drones durante a repressão para identificar e intimidar os manifestantes. No momento em que a manifestação decidiu seguir para a região central de Maisuma Chowk, os agentes reprimiram os manifestantes com o uso de balas de borracha e bombas de gás. Sem se intimidar, os manifestantes defenderam-se dos ataques da repressão com arremessos de pedras.
No dia 26/05, um dia após a manifestação, 10 jovens foram presos acusados de participar da manifestação, arremessar pedras na polícia e propagar “slogans anti-nacionais”. Os manifestantes estão sendo enquadrados sob os “Ato de Prevenção de Atividade Ilegal”, “Código Indiano Penal” e “Ato de Segurança Pública”, que permite que indivíduos sejam presos por um ano sem julgamento.
No norte de Keeri, cidade de Baramulla, um confronto entre militantes do grupo de libertação nacional Jaish-e-Muhammad e policiais ocorreu também no dia 25/05, horas antes do julgamento de Yasin Malik. Três combatentes insurgentes caxemiros morreram e um policial foi aniquilado como resultado do confronto.
Aumento da repressão contra caxemires
Desde 2019, o velho Estado indiano tem aumentado a repressão sobre a região da Caxemira em que exerce ocupação colonial. Em agosto de 2019, o primeiro-ministro fascista da Índia, Narendra Modi, deu fim a dois artigos constitucionais indianos (370 e 35A) que concediam autonomia relativa à região da Caxemira e determinadas liberdades aos caxemires. Desde então, o velho Estado indiano avançou na militarização da Caxemira e condenação de movimentos e ativistas que lutam pela autonomia e independência da região.
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No mesmo ano, o velho Estado indiano baniu o FLJC e prendeu Yasin Malik sob acusações de associações ilegais e fomentação de terrorismo. Para condenar Yasin Malik a “justiça” indiana reabriu acusações de assassinato contra Yasin que datam de trinta anos atrás.
Diferente de Yasin, que foi responsável pela capitulação do FLJC por meio do cessar-armas declarado em 1994, e apesar de defenderem sua liberdade pela justeza de suas lutas e exigências, as massas caxemires, assim como as diversas milícias que lutam pela libertação da Caxemira, não se iludem com o caminho pacífico para a independência de sua região.